Repensar o modelo econômico que guia a maioria dos países do mundo vem sendo a pauta das discussões sobre o mundo pós-pandemia do novo coronavírus. Na foto de abertura, o cartaz dos manifestantes diz: “Mudança do sistema, e não mudança climática”.
Por: Gisella Meneguelli (*)
Fonte: Site https://www.greenme.com.br
Os países europeus, devido ao forte impacto social e financeiro provocado pela Covid-19, já estão discutindo a possibilidade de adotar um outro paradigma de riqueza – que não seja o Produto Interno Bruto (PIB) – capaz de compor uma economia mais justa e solidária.
Vários especialistas estão projetando diversos cenários para o mundo pós-pandemia. E na Holanda isso tem sido levado realmente a sério. Um manifesto assinado por 170 acadêmicos holandeses aponta a necessidade de uma profunda reestruturação econômica baseada no decrescimento, cujo princípio é “prosperar em equilíbrio com o planeta”.
A prefeita de Amsterdã, Marieke van Doorninck, em entrevista para o jornal britânico The Guardian, explicou do que se trata o movimento:
“Imagino que tal modelo possa nos ajudar a superar os efeitos da atual crise. Pode parecer estranho estarmos falando de um período após isso. Mas, como governo, temos que fazer. Isso vai nos ajudar a não regressarmos para mecanismos fáceis”.
Os 5 pontos de um novo modelo
A Holanda parece querer se transformar numa espécie de laboratório para esse novo modelo econômico, que está baseado em cinco eixos de desenvolvimento pelo decrescimento:
- Diferenciar entre setores que podem crescer e precisam de investimentos (setores públicos críticos, energias limpas, educação, saúde) e setores que devem decrescer radicalmente (petróleo, gás, mineração, publicidade, etc.).
- Construir uma estrutura econômica baseada na redistribuição, constituída de: uma renda básica universal; um sistema universal de serviços públicos; um forte imposto sobre a renda, ao lucro e à riqueza; horários de trabalho reduzidos e trabalhos compartilhados, e que reconhece os trabalhos de cuidado.
- Cultivar a agricultura regenerativa, que está focada na conservação da biodiversidade, na sustentabilidade e na produção local e vegetariana, melhorando as condições de emprego e salários mais justos.
- Reduzir o consumo e as viagens, evitando, assim, viagens desnecessárias e de luxo.
- Cancelar a dívida, especialmente de trabalhadores e donos de pequenos negócios, bem como dos países do Sul Global, que são devedores de instituições financeiras internacionais.
Parece que a Holanda será um bom lugar para se viver! Tomara que dê certo esse projeto de uma sociedade mais justa, na qual os seres humanos e o planeta são respeitados.
(*) Gisella Meneguelli. É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o GreenMe desde 2015.