O futuro da Terra. Como será nosso planeta no século 23

Um estudo projeta a situação do planeta no século 23 em termos climatológicos. Ela não é cor de rosa. Está mais para os vermelhos do CO2 e dos outros gases de efeito estufa

 

Por: Equipe Oásis

Em 2016, as temperaturas globais foram 0,99 graus C mais quentes do que a média do século
vinte. Isto faz de 2016 o terceiro ano de recordes seguidos para as temperaturas mais elevadas.

Comparem esses dados:

420 milhões de anos atrás o índice de CO2 (gás carbônico) na atmosfera era de 2.000 ppm

420 milhões de anos atrás o Sol era um pouco mais que nos dias de hoje

Hoje, o CO2 é de 418 partes por milhão, e está em contínuo aumento

Hoje, o Sol esquenta mais que antes
Hoje, a Terra é 1 grau C mais quente que há um século atrás, e esse índice está em aumento

Mapa-mundi do século 23: as áreas vermelhas e amarelas são as mais quentes.

Como será a vida sobre a Terra dentro de dois séculos?

O estado da atmosfera terrestre e da temperatura do planeta são governados por dois grandes fatores: a energia proveniente do Sol e o percentual de anidride carbônica e de outros gases na composição da atmosfera.  O primeiro foi lentamente aumentando ao longo da história da terra, e o percentual dos gases, diferentemente, aumentou e diminuiu várias vezes no tempo, segundo os acontecimentos geológicos e biológicos ocorridos no planeta.

Uma variabilidade “natural”, a da concentração dos gases de efeito estufa, que vigorou pelo menos até há algumas décadas, foi repentinamente substituída por uma outra variabilidade, a artificial, promovida pelas atividades humanas após a Revolução Industrial (ao redor do início do século 19) e a queima de combustíveis fósseis. Tudo isso levou a um rápido aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera, fazendo subir a temperatura média do planeta de um modo que não acontecia há muitos séculos, talvez milênios. Que acontecerá no futuro não assim tão distante, no século 23?

Áreas imensas de savanas e de florestas tropicais passarão por um processo de desertificação

Equilíbrio térmico

Com relação ao equilíbrio térmico, um artigo assinado por três pesquisadores (dois ingleses e
um norte-americano), publicado na revista Nature communications (artigo completo, em inglês),
busca traçar uma comparação entre o passado distante e o futuro da Terra no caso de as
emissões de CO2 por atividades humanas não sejam controladas e reduzidas, e os acordos
sobre o clima, como os de Paris, não sejam respeitados – como ameaçam fazer os atuais
presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, Donald Trump e Vladimir Putin.

Os três climatologistas partem de muito longe, afirmando que a temperatura histórica média do planeta (de cerca 14 graus C) foi – até algumas décadas atrás – de cerca 31 graus C maior daquela que seria se, para se aquecer, pudesse contar apenas com o Sol.  Na ausência de atmosfera ( ou seja, de gases de efeito serra, particularmente o CO2, que “aprisionam” o calor refletido pelo planeta), a temperatura deste nosso planeta rochoso seria de 17 graus C negativos. Significa que a vida na Terra só pode se afirmar graças a um efeito serra natural.

Embora tenham ocorrido oscilações bastante amplas, a temperatura se manteve ideal para as espécies existentes, apesar de dois fenômenos contrapostos:

Primeiro: O Sol, nos últimos 420 milhões de anos, aumentou progressivamente a potência da sua radiação sobre o planeta de cerca 9 watt por metro quadrado.até chegar aos atuais 1.361 watt por metro quadrado (em média);

Segundo:  o anidrido carbônico na atmosfera diminuiu, devido a fenômenos geológicos e biológicos.

Espécies como a dos ursos polares poderão se extinguir com o derretimento das banquisas árticas.

Passado distante  

A análise dos climatologistas levou e consideração milhares de estimativas do CO2 na atmosfera, que descrevem 420 milhões de anos de história do planeta. Os resultados indicam que no início do período Devoniano, quando o Sol era relativamente mais “fraco” do que hoje, a concentração de anidrido carbônico era elevadíssima: cerca 2.000 partes por milhão.

A diminuição de CO2 foi causada pela erosão dos silicatos e dos movimentos tectônicos. O
primeiro processo retira anidrido carbônico da atmosfera através de complicadas reações
químicas que fazem diminuir a sua concentração. O segundo é menos direto: quando ocorrem
fenômenos de subducção  (uma placa tectônica desliza sob a outra) o carbono orgânico
depositado nos fundais submarinos vai parar nas profundezas da Terra, sendo retirado do
seu ciclo natural que o teria levado de volta à atmosfera na forma de CO2.

Na foto, panorama futurista de Singapura ao fundo, e em primeiro plano a terra ressequida onde hoje é floresta tropical.

Um futuro tórrido
Na sua conclusão, o artigo examina o futuro, ou seja, a situação do planeta dentro de dois
séculos, se o homem continuar emitindo na atmosfera as mesmas quantidades de anidrido
carbônico que deriva hoje das atividades industriais e agrícolas. Sendo certo que o Sol
aumentará ainda mais a sua radiação, os autores calculam que já no final deste século 21 a
temperatura da Terra será similar à que existiu no período Eoceno (que vai de 56 a 34 milhões
de anos atrás): naquele tempo, as florestas temperadas chegavam quase aos polos, e a
temperatura média terrestre era de cerca 8 graus C superior à atual.

No ano 2250, o anidrido carbônico atmosférico voltará a níveis similares aos de 420 milhões de anos atrás, ou seja cerca de 2.000 partes por milhão. Unida a uma maior atividade solar, a temperatura terrestre poderá atingir níveis incompatíveis com a vida como a conhecemos hoje.

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