Só cinco sentidos? Não, eles são muitos mais

Visão, audição, tato, olfato, paladar. Desde os tempos da Grécia Antiga estes são os cinco sentidos básicos. Mas, na verdade, há dezenas de outros sentidos. O homem (e também os animais) são verdadeiras máquinas de perceber as coisas

 

Por: Jean-Luc Nothias

Fonte: Saúde 247 – Le Figaro

A questão é muito mais complicada do que parece. A definição clássica e corrente de sentido é: “A faculdade que os homens e os animais possuem de perceber as diversas impressões neles produzida por objetos materiais”. Além disso, estima-se desde os tempos de Aristóteles que nós possuímos cinco sentidos: a visão, a audição, o tato, o olfato, o paladar. Cada um dos sentidos está “ligado”a um órgão específico: vemos com os olhos, ouvimos com os ouvidos, tocamos com a pele, sentimos os odores com o nariz e o paladar com a língua.

Audição

Mas os cientistas não compartilham em absoluto dessa definição. E, inclusive, não estão de acordo entre si a respeito do número de sentidos que possuímos. Cada um no seu nível, os sentidos são compostos por todo um sistema de receptores, de dispositivos biológicos específicos ou células especializadas, capazes de captar as mais diversas formas de energia e as transmitir sob a forma de impulsos nervosos ao cérebro, que as analisa e decide qual resposta a elas dará.

Paladar

Um dos sentidos fisiológicos mais frequentemente esquecidos é o do sentido do equilíbrio. Ele tem sua sede no ouvido e dispõe de um “mecanismo” próprio. Que seria de nós sem o sentido do equilíbrio? Só de imaginar já nos dá vertigem. Trata-se, portanto, e incontestavelmente, de um sexto sentido. Ou de um sétimo, se admitirmos a existência desse famoso “sexto sentido”, cuja sede é possivelmente no interior do cérebro e que “sublima” as informações, não necessariamente conscientes, recolhidas pelos outros sentidos. Poderíamos igualmente citar o sentido do calor e do frio, o sentido que nos permite perceber nosso próprio corpo, o sentido da percepção da dor, aquele que nos faz sentir saciados, etc.

Tato

Mas uma coisa é certa: existem muito mais de seis ou sete sentidos no reino animal. Assim sendo, certos animais são capazes de perceber os campos elétricos. Essa faculdade é muito útil a numerosos peixes, tubarões e arraias, por exemplo, que podem sentir as modificações do campo elétrico nas suas proximidades imediatas. Certos peixes produzem, por sinal, os seus próprios campos elétricos. Na ordem dos mamíferos, os únicos animais que possuem este sentido são os membros da ordem arcaica dos monotremados, dentre os quais o ornitorrinco se distingue por possuir essa faculdade num grau muito alto.

“Radar” interno

Um outro sentido do qual somos, a priori (mas também isso é cada vez mais contestado pela ciência), desprovidos, é a percepção dos campos magnéticos. Acreditamos que várias espécies de pássaros o possuem, e é esse sentido que os guia no momento das suas longas migrações. Também alguns insetos, como é o caso das abelhas, o possuem.

Olfato

Os morcegos podem não apenas perceber os ultrassons, mas também emiti-los e usá-los para se orientar na escuridão através de um sistema denominado ecolocalização. Também os golfinhos possuem essa capacidade de navegar, de se comunicar e de caçar graças a um “radar”interno de ultrassons cujo alcance pode chegar a vários quilômetros. Muitos peixes desenvolveram um sentido fora do comum. Ele lhes permite “tocar” os outros sem contato físico e “enxergar” na escuridão. Trata-se daquilo que chamamos de linha lateral. Ela está repartida sobre cada um dos flancos do animal, o direito e o esquerdo, e é composta de pequenos elementos gelatinosos de um décimo de milímetro parecidos a minúsculas bandeiras, associados a poros que deixam passar a água. São eles (os neuromastos) que informarão o animal a respeito das mais ínfimas variações de pressão ou sobre as vibrações que o circundam.

O tetra mexicano (Astyanax fasciatus mexicanus), um peixinho muito apreciado pelos aquariófilos, conseguir chegar a um alto grau do desenvolvimento desse sistema e por isso se tornou uma importante cobaia em experiências científicas de laboratório. Isso porque alguns pesquisadores querem utilizar o sentido desenvolvido pelos tetras para criar, entre outras coisas, robôs submarinos ainda mais autônomos.

 

Visão

Existem, com certeza, muitos outros sentidos. Dente eles o sentido do dever, o da honra, o do bom humor, ou o sentido prático. Sem falar nos sentidos que escapam da visão científica cartesiana, mas que constituem elementos básicos de muitas escolas do conhecimento denominado “oculto” ou “esotérico”, tais como a telepatia, a visão dos campos de energia sutis, a intuição, etc. E, por último, não poderíamos deixar de citar aquele que, para nós, seria o sentido mais importante de todos: o do bom senso.

Originally posted 2016-10-03 15:46:36.

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