SEXALESCENTES OU… SEXYGENÁRIOS?

Só para ilustrar o tema da mulher sexygenária, aqui vai uma foto da atriz inglesa Helen Mirren, perfeita tradução da idéia

Amigos, quem já dobrou o Cabo da Boa Esperança dos 60 anos precisa ler estes comentários da Tita Teixeira, autora que não conheço, provavelmente portuguesa pelo estilo da escrita. Quem ainda não dobrou, um dia vai dobrar. Melhor então que vá se preparando desde já. A fase dos 60 em diante não precisa ser, necessariamente, uma droga… 

 

SEXALESCENTES OU… SEXYGENÁRIOS?

Por Tita Teixeira

Se estivermos atentos, podemos notar que está a aparecer uma nova classe social: a das pessoas que andam à volta dos sessenta anos de idade. Os sexalescentes: é a geração que rejeita a palavra “sexagenário”, porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.

Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica – parecida com a que, em meados do século 20, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa de jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.

Este novo grupo humano que hoje ronda os sessenta teve uma vida razoavelmente satisfatória. São homens e mulheres independentes que trabalham há muitos anos e que conseguiram mudar o significado tétrico que tantos autores deram durante décadas ao conceito de trabalho. Que procuraram e encontraram há muito a atividade de que mais gostavam e que com ela ganharam a vida.

Talvez seja por isso que se sentem realizados… Alguns nem sonham em aposentar-se. E os que já o fizeram gozam plenamente cada dia sem medo do ócio ou da solidão, crescem por dentro quer num, quer na outra. Desfrutam a situação, porque depois de anos de trabalho, criação dos filhos,
preocupações, fracassos e sucessos, sabem bem olhar para o mar sem pensar em
mais nada, ou seguir o vôo de um pássaro da janela de um 5.º andar…

Neste universo de pessoas saudáveis, curiosas e ativas, a mulher tem um papel destacado. Traz décadas de experiência de fazer a sua vontade, quando as suas mães só podiam obedecer, e de ocupar lugares na sociedade que as suas mães nem tinham sonhado ocupar.

Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos “sessenta”, homens e mulheres, lida com o computador como se o tivesse feito toda a vida. Escrevem aos filhos que estão longe (e vêem-se), e até se esquecem do velho telefone para contatar os amigos – mandam e-mails com as suas notícias, ideias e vivências.

De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil e quando não estão, não se conformam e procuram muda-lo.

Raramente se desfazem em prantos sentimentais.

Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem e pesam todos os riscos. Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas reflete, toma nota, e parte para outra…

Os maiores partilham a devoção pela juventude e as suas formas superlativas, quase insolentes de beleza; mas não se sentem em retirada.

Competem de outra forma, cultivam o seu próprio estilo…

Os homens não invejam a aparência das jovens estrelas do esporte.

Nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas de um modelo.

Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, de uma frase
inteligente ou de um sorriso iluminado pela experiência.

Hoje, as pessoas na década dos sessenta, como tem sido seu costume ao longo da sua vida, estão a estrear uma idade que não tem nome.

Antes seriam velhos e agora já não o são.

Hoje estão de boa saúde, física e mental, recordam a juventude mas sem nostalgias tolas, porque a juventude ela própria também está cheia de nostalgias e de problemas.

Celebram o sol em cada manhã e sorriem para si próprios…

Talvez por alguma secreta razão que só sabem e saberão os que chegam aos 60
no século 21…

Comentários

comentários

33 pensou em “SEXALESCENTES OU… SEXYGENÁRIOS?

  1. MARILIA DE CAMPOS BASTOS

    Matéria lúcida, realista ao fazer, com muita elegância, abordagem até então ignorada pela maioria dos articulistas. Gostei e concordo integralmente, pois ha muito que trabalho em computação e já estou bem longe dos 60 anos, muito bem vividos e totalmente integrada na nova realidade da vida. Parabéns pelo artigo e palmas para nossos companheiros de jornada que aqui chegaram com toda essa disposição.

  2. Ana Maria...

    Simples assim!!! Perfeito…Se chorei ou se sorri, o importante e que, de Emocoes eu VIVI!!!

  3. Tania Maria de Alencar

    Maravilhoso texto, enriquecedor, verdadeiro. Amei

  4. Luci Fernandez

    Excelente artigo: expressou exatamente o que sinto. Aos 66 anos, estou iniciando uma nova carreira, com muita disposição e vitalidade.
    Realizada? Não, ainda tenho sonhos para sonhar e metas para alcançar!
    Se sou melhor que na juventude? Não sei, sou apenas diferente, as batalhas são outras e as enfrento de maneira mais leve, sem dramas.
    Puxa, como é bom ser sexalescente ou sexygenária!!!

  5. clayton rocha

    boa material realista, hoje com os meus 67 me sinto muito nelhor guando tinha os meus 40 epoca de indefinicao, hoje esta todo definido, vivo muito mais feliz, trabalho como se tivesse os meus 35 anos, com energia, viajando fazendo negocios, e nunca esquecendo de meu lado de saude, fazendo esportes junto com pessoas de todas as idades interagindo com todos, agora um alerta para quem quer chegar nos 60 em uma situacao confortavel, planeje sua vida, e como uma viajem de carro, dirija com cuidado respeitando os sinais, as leis de transito que voce chegara no destino seguro.

  6. Benedito Camargo Dutra Da Silva

    Gostei muito da leitura e do texto,é bem a realidade do momento. Eu na beira dos 70 anos, me senti incluído no texto,que diz a realidade de todos nós nesta fase da existência dos idosos desta época.

  7. Silvana

    Concordo com Tita Teixeira. Não vejo medo ou distrações, vejo uma maturidade ainda não tão bem explorada pelos estudiosos, de quem nem sempre tem medo do inexorável fim, mas que sente e vive sabiamente o momento presente. Afinal, quem de nós sabe qual será o dia do fim?

  8. Regina Lima

    Adorei o artigo. Recebi da minha nora e fiquei lisonjeada.

  9. milton antunes

    para mim hoje aos 73 com boa saúde e com controle nas financias , o tempo passa rápido porque não esquento por nada deste mundo .e quando posso viajo ……………

  10. maria luiza bottaro

    Gostei muito das opinioes emitidas e ja ultrapassei dos setenta sinto otimista, ativa e de bem com a vida. Ainda com sonhos a realizar com a graca de Deus

  11. Sonia Wiedreheker

    Amigo, confortar a realidade não desmerece a maravilha que é viver, portanto aproveitemos cada minuto desta existência, pois um dia só mudaremos de plano, para o astral.

  12. suely m pfeifer

    Me sinto como sempre me senti, quebrando tabus, desenhando novos papeis e acho que este é um dom da minha geração. Saltos qualitativos no modo de viver e ver a vida com a abrangência de seculos ! Vejam, a mudança de filhos obedientes x pais absolutos para a geração woodstock, a geração que passou da datilografia para o tablet, do radio para a netfix, da telefonista fazendo a ligação para o computador de mão que, por acaso, funciona como telefone, do tabu do sexo para o cuidado com a Aids, da impressão digital para o DNA mapeado, do navio unindo continentes à estação parada no espaço, da carta e telegrama para a internet !
    Nos reinventamos e fomos obrigados a nos reinventar e de novo, quebrando paradigmas com a cara e a coragem porque era sem volta … Impossível viver com mais de 60 anos como sempre se viveu … De novo estamos reinventando na pratica, esta nova idade … e assim será …

  13. Leo Kuschnaroff

    Envelhecer não é defeito , é qualidade , sabedoria , Know how , equilibrio são as caracteristicas mais importantes do conhecimento e da vida de alguem maduro , e so acontecem e se efetivam com as experiencias de uma vida longa e produtiva .

  14. oswaldo pepe

    Ótimo texto, claro, realista, de fato. Já há algum tempo tenho me perguntado quais serão as consequências para a civilização com a extensão do tempo de vida saudável que estamos experimentando. Tudo indica que é possível pensar em mudanças qualitativas, para melhor, muito melhor.

  15. Herivelto Benjamim

    Gostei muito do artigo como do comentário do José Arthur. Vale a pena refletir.

  16. Eva Fidelis

    Concordo com as observações de Jose Arthur, e endosso a linha da narrativa da Tita no que diz respeito à mudança de comportamento que se mostra muito evidente na atual geraração que circula o marco dos 60; recentemente comentei que, “30” é o novo “18” e as novas balzachianas teriam 50… A nossa aparência se deve em grande parte àquela revolução que vivenciamos em nossa adolescência, quando quebramos vários tabus. Por outro lado, penso mesmo que não temos tanto medo de como vamos morrer, mas de como seguirá a vida dos nossos descendentes. Temo muito, e oro constatemente, para que eles não olhem para trás e lamentem que tenham vindo para o planeta. Esse é o meu maior impulso para continuar saudável e poder viver até que este grave momento seja superado e possa partir sem esse dilema.

  17. Gislaine Andrade

    Não mudaria, absolutamente, nada em minha vida. Não desejaria voltar nem um dia, um minuto sequer, pois para mim significaria um regresso!
    Diminuiria o conhecimento que adquiri, as amizades que conseguí, o acompanhamento da vida de filhos, netos, as soluções que tomei, as viagens que fiz, a quantidade de livros que lí…
    Quero minha vida agora, sem passado e nem futuro… Os momentos felizes me deram muitas alegria e os maus muita experiência!
    Não alteraria nada em meu corpo. As rugas que adquirí, comprovam os anos que viví. Não conseguiría, jamais, me olhar num espelho e me sentí diferente! Acho que morreria.

  18. Luiz Roberto

    Sou um sexalescente convicto.
    Compartilho em gênero, número e grau com a matéria do artigo, pois o velho de ontem é o sexalescente de hoje, com objetivos e planos a realizar.
    Alguém já disse que só envelhece aquele que perde o gosto por aprender continuamente. Se assim for, estou cada vez mais jovem, com algumas limitações, é claro.

  19. Cristina Bevilacqua

    Não vejo crime…pecado…vergonha…culpa…em ser sexadolescente… realmente os tempos mudaram..um leque de oportunidades se nos apresenta nesse mundo de modernidade.. hi-tech. ..de plataformas digital mis….Alem da qualidade de vida que nos permite n recursos para maior longevidade…enfim um somatorio de fatores que nos faz interagir e ser sexadolescentes..teen agers da maturidade…da última (e boa) etapa da vida… me permito…eu quero…eu posso…
    Cris Bevilacqua – meia ponto zero !!!

  20. Frank Pedro Nunes

    O artigo de Tita Teixeira tem todo o meu apoio e compreensão. A resposta – contestando-a ! – de José Arthur também me merece todo o apoio e compreensão. A minha posição antitética e, aparentemente, paradoxal tem a ver como vejo e avalio a vida. Nem a vida, nem nós nela vivendo-a, somos estáticos. A vida é um baloiço, um carrocel que se balanceia, muitas vezes entre extremos. Estou perto dos 70. Cada vez mais sinto e vivo a minha vida – que de experiências já está mais repleta do que o baú da Pandora – ora como a descreve a Tita; ora como a analisa o José. A vida, meus caros, é a soma dos opostos, em nós.

  21. Maria Manuela Silva

    gostei muito e gostaria de futuramente ser avisada

  22. Luzineide Brandão

    Gostei do texto de Tita Teixeira aborda um lado importante sobre essa geração da qual tb faço parte. O comentário de José Arthur aborda esse aspecto do medo que nos ronda. Não sou uma literária para deixar aqui uma reflexão de qualidade apenas faço referência que esse medo é tão grande como nosso desejo de viver plenos nesse momento de nossa vida. A consciência da realidade das casa para Idosos, a realidade de nossas aposentadorias, a realidade do atendimento de saúde. Temos no meio desse nosso grupo amigos e amigas que padecem com esses problemas basta serem acometidos por uma enfermidade mais séria.
    Abrços Luzineide

  23. Thais Reder

    JOSÉ ARTHUR,ESCREVEU TUA OPINIÃO NA TÁVOLA REDONDA?POIS FOI TÃO SÁBIO QUANTO UM CAVALEIRO.COMO MULHER, NÃO É FÁCIL SER SEXALESCENTES,PARECE SER QUANDO SE ESCREVE SOBRE, MAS VIVENCIAR É OUTRA COISA.MAS EU ME DISTRAI TANTO POR AQUI LENDO COISAS FORMIDÁVEIS QUE NÃO ME LAMENTAREI,EM TUDO TEM UM QUISITO INDISPENSÁVEL, É VOCE CHEGAR NESTA ALTURA DA VIDA ,COM CERTA INDEPENDENCIA ECONÕMICA, E EU TE GARANTO, PROCURAR EMPREGO NESTA IDADE PARA QUE COM OUTRO TRABALHO POSSA ASSIM TER UM ADICIONAL A MAIS, E NÃO FICAR EXAUSTA, AI JA É ALICE NO PAIS DAS MARAVILHAS.QUANDO SE COLOCA A FOTO DE UMA BELA ATRIZ AMERICANA,QUANDO SE TEM OS CABELOS BRANCOS POR OPÇÃO, E UM BANDO DE “AMIGAS” TE CHAMANDO DE RELAXADA ,ENQUANTO O HOMEM É UM CHARME.NUNCA TIVE MEDO DA MORTE MAS COMECEI A CONTAR QUANTO TEMPO AINDA ME RESTA É MOLE?E TENTAR DESESPERADAMENBTE ESTAR O MELHOR POSSIVEL MESMO TOMANDO RIVOTRIL.SIM ,SOU UMA SEXALESCENTE INSUPORTÁVEL.

  24. Jose Arthur

    Dizem que o homem tem direito à sua opinião ainda que discordante da unanimidade e do consenso; e eu digo que, não apenas tem este direito mas também o dever de expressá-la.
    O que seria do progresso do pensamento se, por cortesia ou educação, evitássemos os desencontros de opinião, ou permanecêssemos calados porque o pensamento da maioria é unânime em torno de questão obviamente equivocada.

    Vivemos sim, nós, os sexagenários, numa época diferente daquela de nossos pais.
    Gozamos de mais disponibilidade de tempo, oportunidades de lazer, trabalho, ou hobby gratificante.
    A expectativa de vida aumentou consideravelmente, embora sua qualidade, nem tanto.

    Esta geração de que falamos vive cercada pelo progresso e pela tecnologia, mas não é feliz, e isto porque vive com medo.
    Um medo que jaz no subconsciente e começa a surgir, urdindo sua teia corrosiva exatamente quando nos damos conta de que começamos a envelhecer. Este medo é uma paranóia do sentimento que somatiza toda uma gama de enfermidades, do corpo e do comportamento, dali por diante.
    Mas, medo de quê?
    De encarar o fato de que estamos caminhando inexoravelmente para o fim.

    Muitos afirmam não terem medo da morte, e estão certos pois ali nada há a temer, mas ainda assim temem o não saberem quando virá, ou como!

    Nem as Religiões e nem as Universidades preparam o homem, racionalmente, para o único fato inderrogável da sua existência que é o seu epílogo.

    Assim, de um modo geral, ignoramos o mais essencial de todos os conhecimentos, e isto por andarmos obcecados pelas frivolidades e distrações que a modernidade oferece.

    E aqui surgem os sexalescentes, numa tentativa de fuga desajeitada, de uma realidade que o oprime e para a qual não se preparou..

    Mas convenhamos, essas frivolidades e distrações não deixam de ser um excepcional paliativo, pois evita-nos confrontar o negrume da noite sem fim; que na verdade poderia ser encarada como o nosso mais almejado prêmio.

    Mas essa é uma outra questão, para uma outra hora, pois exige de nós uma maturidade capaz de desprezar as barreiras do preconceito, da superstição e das religiões.

    Enquanto isto, continuemos a raciocinar como sexalescentes!

    abraços do
    Jose Arthur

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