Por Luis Pellegrini
O mundo salvo pelos garotos é o título de uma coletânea de poemas de Elsa Morante, poetisa e ensaísta italiana, publicada em 1968. Com intuição profética, a autora fala de um futuro próximo em que seriam as crianças e os muito jovens os responsáveis pela preservação da vida na face do planeta. O título acabou se tornando um pouco um slogan hoje bastante usado quando nos referimos às ousadias de jovens cada vez mais numerosos que, como a paquistanesa Malala Yousafzai, Prêmio Nobel da Paz em 2014, quando tinha apenas 17 anos – e 15 quando os talibãs lhe deram um tiro na cabeça porque ela exigia que as meninas pudessem ir à escola. E o que era Malala, naquela época, senão uma garota? Hoje, Malalas surgem em toda a parte. Greta Thunberg, por exemplo, que também tinha 15 anos quando começou a se sentar diante do Parlamento sueco com seu cartaz “greve escolar pelo clima”; encontramos ainda Olga Misik, que aos 17 anos desafiou a polícia de Moscou lendo a Constituição; Joshua Wong, que aos 14 liderou o primeiro cortejo anti-Pequim em Hong Kong; Emma González, que aos 18 levou um milhão de jovens a Washington para protestar contra as leis sobre armas (em fevereiro de 2018, um rapaz de 19 anos havia entrado em uma escola e matado 17 colegas).
