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Não me falem mal de Saturno! Um texto de Emma Costet de Mascheville

 Se a primeira questão que o estudante de Astrologia enfrenta é a do “determinismo” x “livre-arbítrio”, a segunda é o problema do “bem” e do “mal”. No início, todos tem a preocupação de saber se o planeta regente do mapa que estudam é benéfico ou maléfico, se o signo zodiacal é favorável ou desfavorável. Se procuramos algum benefício no estudo da astrologia, devemos varrer desde o princípio todos estes preconceitos.

Por: Emma Costet de Mascheville (*)

Fonte: Site http://www.blissnow.com.br/

Como seria possível que o Criador, na sua sabedoria, tivesse criado acima e ao redor de nós forças, irradiações, que nos sujeitassem necessariamente ao mal só para depois sermos condenados pelo próprio Omnijusto?

Toda Criação fala do Criador e por isto tudo o que está na natureza expressa a sua sabedoria. Nossa incapacidade de compreender as leis divinas da natureza, nossa luta contra a sua sabedoria, causam o nosso sofrimento – e não os planetas e signos zodiacais. Todos eles produzem em nós energias, vibrações, que alimentam diversas qualidades e virtudes.

Tomemos, por exemplo, Marte e Saturno, os mais difamados. Marte é, parcialmente considerado um planeta mais evoluído que a Terra. Se é mais evoluído do que nós, porque sua vibração sobre nós será de violência e ódio?

Analisando a dosagem de energia, de coragem e força de vontade segundo a posição do planeta Marte, veremos que de fato tais qualidades são graduadas segundo a intensidade da influência de Marte. Mas, se o homem usa essa energia recebida, doada, para finalidades de egoísmo e egocentrismo, provocando lutas, guerras, violências, ou não controlando as energias, deturpando-a entre as paixões, quem é o culpado: Marte ou o homem?

Não recebeu o homem, com a fagulha divina da vida, a consciência? Não se aplicam o direito e o dever de dominar a natureza não somente ao usufruto da natureza abaixo de nós, mas também às energias dentro de nós?

Em épocas de guerra, notaram-se as influências negativas de Marte. Quer dizer: a humanidade não conseguiu sintonizar a influência de Marte, e na incapacidade de receber e analisar o estímulo que vem do Alto e volta ao Alto, expressou mediante a agressividade desencadeada sua falta de domínio da energia recebida.

Embora possamos, pela marcha dos planetas, calcular quando se processa em nós esta fraqueza humana, não podemos culpar o planeta pela imperfeição da consciência humana. Em agosto de 1956 havia uma aproximação de Marte que brilhava mais do que Vênus nos seus melhores dias. O povo olhava e espalhava boatos sobre o Mau Augúrio desse fenômeno celeste. Nessa ocasião escrevi este artigo: “Olhemos com confiança as maravilhas do Céu que estão acima de nós e procuremos compreender e controlar as razões da nossa própria imperfeição!

“Também é o que diz Paracelso, quando defende o mais belo dos planetas, que, com seu anel brilhante, gira majestosamente ao redor do Sol. Todos os que se interessam pela astronomia procuram dirigir o telescópio para admirar esta beleza sideral, e nós na astrologia o difamamos como se fosse a origem de nossa cruz, nosso peso e obstáculo.

“Será possível um planeta irradiar, ao mesmo tempo, vibrações completamente opostas, criando em uns a reação de fé, confiança, fidelidade, sinceridade e segurança e em seu vizinho o ceticismo, a desconfiança, a frieza de sentimentos e o pessimismo? O problema das reações provocadas pelas vibrações externas não está na maldade do planeta que irradia, mas na capacidade de sintonização do homem que recebe.

“ É isso o que diz Paracelso ao declarar: Não é o Saturno acima de nós, mas o Saturno dentro de nós que nos atormenta. Com “Saturno dentro de nós”, ele quer dizer a nossa falta de fé, a nossa inexperiência, a nossa desconfiança.

“Na realidade a vibração de Saturno desperta em nós a capacidade de fazer uso daquilo que conquistamos pelos nossos próprios esforços, ou pelos esforços dos nossos antepassados; a capacidade de aprofundar e experimentar, de lembrar: é a Sabedoria que podemos alcançar através da experiência.

“Há temperamentos que, do passado, lembram somente as alegrias. E há estados de alma em que enxergamos, em todo o passado que vivemos, a marca de uma finalidade, a prova de que toda a cruz que nos foi imposta teve como finalidade nosso progresso e evolução. A prova de que “não cai um cabelo de nossa cabeça sem a vontade do Pai”.

“Nesse caso a vibração de Saturno desenvolve-se em fé, em confiança, em fidelidade, em senso de dever e responsabilidade. E a cruz se torna mais leve.”

“Há os temperamentos e os estados de alma onde, do passado, rememoramos o que foi difícil, e achamos que não foi merecido. Em resultado enfrentamos as situações do presente com medo, com desconfiança, com angústia, com depressão, pessimismo, falta de fé. E a mesma cruz se torna pesada.”

“A olho nu, com a nossa visão humana, podemos somente enxergar sete corpos celestes no nosso sistema solar. Saturno é o último deles, a última etapa da escala planetária visível. Depois dele existe a escala dos planetas invisíveis, que começa com Urano; esta escala torna-se mais visível para nós somente através dos aparatos da ciência.”

“Saturno é o planeta que desperta em nós as provas que, na escala da evolução, nos conduzem do visível ao invisível. Ele é o mestre escola que precisamos enfrentar para passar do primário ao secundário.”

“Quem raciocinou, quem se aprofundou, quem passou as provas do passado, enfrenta seu examinador com amor e alegria; ele ama seu examinador. Quem não soube alcançar em seu coração a fé e a confiança, sente angústia, sente medo na presença do mestre-escola. Se, nas vibrações negativas de Saturno ainda sentimos desconfiança, pessimismo, angústia, remorso, dores, é sinal de que nossa fé ainda é fraca, ou de que ainda há algo a redimir.”

“Tomemos os anéis como símbolo de um mundo separado em dois: concreto-abstrato, visível-invisível, ciência e fé. Para passar de uma parte a outra é necessário rodear-se dessa faixa luminosa da fé que resulta do saber, é necessário aproveitar-se das experiências do passado.”

Saturno é o grande contabilista do passado, que cria a base do futuro. Que, da fé na experiencia e da dor visível conduz à fé no invisível. Se tu não sentes ainda a sabedoria e a confiança que resultam da fé, se não possuis ainda a faixa luminosa de Saturno, a culpa não é dele.”

 (*) Emma Costet de Mascheville – Alemã, nascida em Haimhausen em 1903, Emma Costet de Mascheville faleceu em Porto Alegre em 1980. Era artista plástica e foi importante astróloga e professora de astrologia. Trabalhou por mais de 50 anos no ensino e aconselhamento e a essência de seu pensamento astrológico encontra-se no livro Luz e sombra – elementos básicos de astrologia.