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Sexta extinção. Terra vive a maior perda de biodiversidade desde a era dos dinossauros

 

 

Nosso planeta, no momento, atinge o apogeu de um novo processo de aniquilação biológica. Um estudo descreve sem meias palavras os números das perdas de espécies animais, vegetais, de habitats, de exemplares únicos. As coisas não andavam tão mal desde os tempos dos dinossauros. Na foto de capa, um mico leão dourado, espécie brasileira que se encontra entre as mais ameaçadas do mundo.

Por: Equipe Oásis

Vivemos o extermínio biológico dos animais selvagens. Não é praxe acadêmica utilizar termos assim tão fortes quando se redige uma publicação científica, mas Gerardo Ceballos, ecologista-chefe da Universidade Nacional Autônoma do México, considera que não seria moralmente justo servir-se de expressões mais sóbrias para descrever a situação do nosso Planeta.

Grandes predadores como o leão poderão em breve serem peças de museu.

O cientista dirigiu o último amplo estudo sobre a distribuição e a queda demográfica dos vertebrados terrestres. O estudo acaba de ser publicado na revista científica PNAS, e ele afirma que estamos numa fase já bem avançada da sexta extinção de massa (depois daquela que vitimou os dinossauros, 65 milhões de anos atrás).

Hecatombe democrática

O trabalho parte da premissa que a prestação de contas das extinções isoladas de espécies já raras e ameaçadas não descrevem com justeza o quadro atual. Quando lemos notícias de rinocerontes caídos em emboscadas, pinguins e ursos polares sem gelos polares e grandes carnívoros dizimados, tem-se a impressão de que se tratam de perdas graduais e isoladas.

O langur Cat Ba (Trachypithecus poliocephalus), do Vietnã. Restam no mundo apenas 55 desses magníficos animais.

Mas as coisas não são assim: não apenas as espécies em risco se extinguem a ritmos cada vez mais velozes, mas cerca de um terço das espécies cujo número de indivíduos está diminuindo rapidamente não são consideradas ameaçadas na atualidade. Além disso, como regra geral, 50% do número de animais pertencentes às espécies silvestres desapareceu nas últimas décadas.

Dois exemplares do rinoceronte da Sumatra. Restam apenas algumas dezenas de exemplares deste magnífico animal.

Ceballos e seus colegas consideraram uma amostragem de 27.600 espécies de vertebrados (mamíferos, répteis, pássaros, anfíbios), às quais foram acrescentados os dados detalhados de 177 espécies de mamíferos terrestres estudados no período entre 1900 e 2015. Esses estudos mostraram que a diminuição das populações animais é extremamente alta inclusive para as espécies que, pelas atuais classificações, não deveriam motivar preocupações.

32% da amostragem de vertebrados em questão (cerca de metade dos vertebrados terrestres) acusa perdas importantes tanto em termos de número quanto de áreas de distribuição. Entre as 177 espécies de mamíferos estudados de perto, todas sofreram uma redução de 30% das suas áreas de residência, e mais de 40% perdeu mais de 80% . Dentre os dados referentes a danos registrados, os piores são, na ordem, os da Ásia, Austrália, África, Europa e Américas.

Na ilustração, o dodo, ave gigante do Pacífico extinta pela caça movida pelos homens.

Causas do desastre

A causa mais importante do fenômeno, segundo os cientistas, é a superpopulação do planeta e o contínuo crescimento do número de seres humanos. Isso leva à exploração excessiva e insustentável dos recursos, com destruição dos habitats, caça predatória, poluição e invasão de espécies alienígenas. O homem, mais que todos os outros animais que vivem no planeta, será aquela que mais pagará as consequências, em termos de perda de recursos alimentares e de degradação dos ecossistemas.

Pequenos anfíbios estão entre as espécies mais ameaçadas de extinção por causa da destruição dos seus habitats.

Ao mesmo tempo, o homem é o único que pode intervir: pelo menos através da instituição de mais áreas protegidas, com uma revisão dos seus hábitos de consumo, e com leis mais severas de proteção das espécies animais.