Lêmures em extinção. Eram sagrados, agora viraram comida

 

Das 107 espécies de lêmures do Madagascar, 103 estão em via de extinção. Os motivos são muitos, mas os principais são dois: a destruição das florestas, e porque eles passaram a ser comidos pela população mais carente.

Por: Equipe Oásis

Vídeo: DW – Deutch Welle


Lêmure: o sifaka de Verreaux (Propithecus verreauxi). 

 A IUCN, a União Internacional para Conservação da Natureza, lançou uma nova atualização de sua Lista Vermelha https://www.iucnredlist.org/, o texto de referência sobre conservação da natureza e a situação de espécies ameaçadas de extinção em nosso planeta. É, como muitas vezes acontece, uma atualização preocupante e até deprimente: não só revela que mais da metade das espécies de primatas que vivem na África estão ameaçadas, mas lemos que quase todas as espécies pertencentes a um dos grupos mais carismáticos, o dos lêmures, corre o risco de desaparecer para sempre da face da Terra.

Os espíritos de Madagascar

Os lêmures, que pertencem à mesma subordem (os Strepsirrhini) de outros primatas particularmente carismáticos, como o loris lento (Nycticebus coucang), são um grupo endêmico de Madagascar; a maior parte do que sabemos sobre eles remonta ao século 20, quando dezenas de espécies foram descritas ao longo de algumas décadas. Hoje são conhecidos 107, todos vivendo na ilha africana; todos, exceto os espécimes que foram removidos de seu ambiente natural e enviados ao redor do mundo para atuarem como animais de estimação: os lêmures estão entre os “animais de estimação” exóticos mais solicitados, uma das razões pelas quais suas populações em Madagascar são desaparecendo rapidamente. Segundo a IUCN, dos 107 que sabemos que existem, 103 estão classificados em situação de risco de extinção, e para 33 deles o risco é indicado como crítico.

Desflorestamento, como de costume

O fato de os lêmures serem vítimas do comércio ilegal não é a principal razão para sua rápida corrida à extinção: a cobertura florestal de Madagascar diminuiu mais de 40% entre 1950 e 2000, e é precisamente a destruição a primeira causa do risco que os lêmures da ilha correm. Algumas espécies, como a Verreaux sifaka (Propithecus verreauxi), que antes eram consideradas sagradas pelas populações locais, há algum tempo são vítimas de caça intensiva por serem consideradas iguarias à mesa – situação que, segundo alguns especialistas, poderia ser exacerbada pela crise econômica do país, que está forçando muitas comunidades locais a conseguir comida da maneira que puderem.

Os lêmures, infelizmente, não são os únicos ameaçados de extinção: segundo a lista atualizada da IUCN, verifica-se que 53% das espécies de primatas africanos estão igualmente ameaçadas, devido, como sempre, à destruição sistemática da seu habitat.

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