Por Luis Pellegrini
Na flor dos meus vinte anos, em 1965, no Rio, fui escolhido pelo diretor Franco Rossi para fazer par romântico com Claudia Cardinale. O filme se chamava Uma Rosa para Todos. Além de Claudia, protagonista absoluta, participava do elenco toda uma penca de astros do cinema italiano, americano e brasileiro. Entre eles Nino Manfredi, Lando Buzzanca, Mário Adorf, Akim Tamiroff, José Lewgoy, Oswaldo Loureiro. Meu personagem no filme se chamava Silvano, um jovem carioca ainda virgem que Rosa decide iniciar nas artes do amor. Ter de ensaiar todas aquelas vezes com Claudia significou para mim viver momentos de absoluta glória existencial. Só não contava com aquilo que aconteceu, era inevitável: me apaixonei de verdade, acho que confundi realidade com ficção de cinema… Sofri um bom tanto, mas pelo menos não estava sozinho: a equipe de filmagem inteira estava apaixonada pela Claudia, maquinistas, técnicos, acho que ninguém escapou.

Eu e Claudia na calçada da Rua Barata Ribeiro, no Rio, estudando e memorizando o texto do roteiro.
Como não cair de amores por aquela garota lindíssima, sempre simpática e inteligente que, na hora do almoço, abandonava a sua roulotte e vinha com seu prato comer com os operários, sentada em meio a todos, sobre os praticáveis da filmagem? E sabem o que ela pedia? Queria aprender alguns palavrões em português… Com todo aquele carisma que fez dela uma das grandes estrelas do cinema na época, Claudia no fundo nunca deixou de ser aquela encantadora garota simples e cheia de vida que, segundo consta, foi até o final da sua existência.
Há poucos dias Claudia nos deixou. Foi se reunir a Luchino Visconti, Fellini, Mastroianni e tantos outros divos e divas do cinema que a amaram e a antecederam na grande viagem ao paraíso do povo do cinema. Viverá para sempre nas mentes e corações dos que tiveram o privilégio de conhecê-la.
