A DESTRUIÇÃO DO CERRADO

Olá pessoal: cheguei de Cuba na segunda-feira e desde ontem estou feito barata tonta aqui na redação de Planeta, fechando a edição de junho 2010. Sim, vou escrever sobre minha experiência na ilha de Fidel, mas só depois de muita reflexão. Foi, sem dúvida, uma das experiências mais impactantes e surreais da minha vida em matéria de viagens. Aguardem.

O Cinema São Joaquim, em Goiás, é a principal sala exibidora dos filmes que concorrem aos gordos prêmios do Festival Internacional de Cinema Ambiental

Bom mesmo é que, entre 8 e 13 de junho, estarei na cidade de Goiás, a antiga capital do Estado de mesmo nome, participando do XII FICA, o Festival Internacional de Cinema Ambiental. Haverá cobertura aqui no blog, e depois uma reportagem geral sobre o festival, que provavelmente pedirei à Andiara Maria para fazer. Andiara é uma querida amiga jornalista que, em dobradinha com a Carmensita Corso, cuida da divulgação do evento. O festival, do qual participo há vários anos (Planeta é uma das copatrocinadoras) é hoje um dos mais importantes do mundo em sua especialidade. Sem falar na cidade de Goiás, uma jóia da arquitetura e urbanismo coloniais do Brasil, e integrante da lista do patrimônio da humanidade elaborada pela Unesco.

Além da exibição dos filmes concorrentes, que este ano são centenas, no âmbito do festival acontece também o Fórum Ambiental. Agora, o tema em questão será o cerrado brasileiro, seriamente ameaçado.

Os galhos e os troncos retorcidos do cerrado clamam por atenção. Não dos milhares de admiradores que se encantam com sua beleza. Essa existe e  pode ser conferida em obras de artistas, trabalhos de pesquisadores ou no simples olhar de contemplação de quem entra em contato com sua natureza. A atenção que faz falta é daqueles que não parecem se importar com a devastação acelerada do segundo maior bioma do Brasil.

O cerrado

O cerrado brasileiro ocupa uma área aproximada de 2 milhões de km² e se estende por dez estados e o Distrito Federal.  Goiás é onde há maior predominância desse tipo de vegetação, atingindo uma proporção de 97% de seu território em se tratando de mata originária. O bioma se estende ainda pelo Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e pelo Paraná.

Grande parte da paisagem  do cerrado, porém, está transformada em centros urbanos, áreas de agricultura intensiva e pecuária de corte, e pela desolação nas regiões onde  ocorre a exploração de madeira, quase sempre ilegal. Mais da metade da área original do cerrado já não existe. Entre os biomas brasileiros, é o que apresenta maior grau de desmatamento, com um processo de devastação mais intenso e acelerado do que o da Amazônia ou o da Mata Atlântica.

Debate no FICA

Mesmo considerado uma das mais importantes florestas de savana do mundo, o cerrado não recebe atenção suficiente por parte dos programas governamentais de preservação ambiental. Há leis determinando que propriedades rurais reservem 20% de sua área para conservação permanente e proibindo o desmatamento em áreas de nascente ou próximas a leitos de rios. Mas nem sempre são cumpridas. Além do mais, ao contrário do que acontece com a  Amazônia, raramente se discute a intensificação do uso do solo em áreas agricultáveis pouco produtivas do cerrado.

E aí está a Rute Guedes, jornalista goiana, experta em tudo que diz respeito ao FICA, degustando um crepe à meia-luz na noite de Goiás.

Assim, o FICA aproveita este ano para intensificar sua atenção ao bioma. Para isso, conta com a participação de Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UNB), uma das maiores especialistas mundiais em Cerrado, e de João Campari, diretor do Programa de Conservação das Savanas Centrais da The Nature Conservancy. Os especialistas vão compor a mesa  “Mudanças Climáticas e Cerrado”, dia 11/06, às 9 horas,  e aproveitam o clima do festival para compartilhar suas visões com quem deseja que a beleza do cerrado permaneça sempre no olhar, e não na memória.

Mais informações: www.fica.art.br
Andiara Maria (62) 8158-7793 /

Carmensita Corso (61) 9985-5671

Ângulo da praça da matriz, em Goiás, para quem ainda não a conhece perceber por que a Unesco a inseriu na lista do patrimônio da humanidade.

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