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Voltaram da morte. Vermes congelados despertam depois de 42 mil anos

 

Um novo – e incrível – recorde acaba de ser batido entre os animais que voltam à vida depois de um período de hibernação. Depois de cerca 42 mil anos, alguns vermes nematódios, que permaneceram aprisionados nos gelos siberianos durante o Pleistoceno, acabam de ser descongelados por uma equipe de cientistas na Rússia. Essa descoberta demonstra que organismos multicelulares podem despertar do “sono” provocado por temperaturas muito baixas. E isso até mesmo depois de milhares de anos.

Por: Equipe Oásis

“Obtivemos os primeiros dados científicos demonstrando a capacidade de organismos multicelulares sobreviverem por longos períodos em estado de criobiose nos terrenos de permafrost da região Ártica”, acaba de informar artigo publicado na revista científica russa Doklady Biological Sciences.

O rio Alazeya, na Sibéria, perto do local onde foram encontrados os vermes

Esses organismos – nematódios, espécie de vermes à qual pertencem as lombrigas – foram encontrados por uma equipe mista formada por pesquisadores da Universidade de Moscou e da Universidade de Princeton, no permafrost (camada de terra permanentemente congelada) de Duvanny Yar, perto do rio Alazeya, na Sibéria. Usando datação por radiocarbono, verificou-se que tinham a idade aproximada de 42 mil anos! Estudos prévios já tinham mostrado que pequenas criaturas como alguns nematódios e também os animais chamados tardígrados (parentes dos artrópodes) podem sobreviver a condições extremas (alguns sobreviveram a 39 anos de congelamento), mas esta é a primeira vez que espécimes tão antigos são trazidos de volta à vida depois de um enorme período de dormência. Poucas semanas depois de serem retirados do permafrost, e trazidos pouco a pouco a temperaturas normais, os nematódios siberianos começaram a se mover e a… comer.

Imagens dos vermes nematódios extraídos do permafrost siberiano. Fotos: Doklady Biological Sciences

A descoberta despertou enorme entusiasmo em cientistas de várias áreas da biologia e da medicina, pois ela demonstra que esses nematódios do Pleistoceno possuem mecanismos de adaptação que, uma vez estudados, poderão ser úteis em campos diversos tais como a criomedicina, a criobiologia, a astrobiologia, etc.

Em outras palavras, conhecendo-se o segredo que consentiu a esses vermes sobreviver durante tanto tempo a temperaturas extremas, poderia ser tentada a sua aplicação aos seres humanos. Isso significa, entre outras coisas, dar alguma esperança a quem tem uma doença hoje incurável: deixando “suspensa” a doença, com efeito, pode-se esperar que, no meio tempo, seja descoberta e desenvolvida uma cura.

Cilindros que preservam corpos humanos mantendo-os a uma temperatura extremamente baixa.

A criônica – o processo de preservação em baixas temperaturas de corpos humanos e de outros animais que não podem mais ser mantidos vivos pela medicina contemporânea, na esperança de que a cura e reanimação sejam possíveis no futuro – encontra um interesse sempre crescente. A própria Darpa, agência de defesa dos Estados Unidos que busca desenvolver tecnologias militares, está estudando um sistema que permite “congelar” soldados feridos para ter mais tempo para socorre-los.

Criosono ou criosonho? É necessário frisar que até o momento ainda não existe a possibilidade de trazer de volta à vida um corpo congelado. Para tanto, os obstáculos a serem superados são muitos e complexos, e o primeiro deles talvez seja o fato de que a água, quando congela no interior das células, acaba por romper a parede celular. Por tais razões a descoberta desses vermes congelados seja tão importante: estudando seus mecanismos de resistência ao frio talvez encontremos um modo para resolver os problemas ligados ao sono criogênico. Isso seria não apenas uma enorme vitória para a medicina, mas também um extraordinário instrumento para ser usado na exploração espacial, durante as longas viagens a metas distantes.

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