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Efeito ampulheta. Em 2025 só haverão ricos e pobres

 

Por: Giorgio Nadali. Fonte: Site https://www.gqitalia.it/

A classe média encolhe em todo o mundo. É o “efeito ampulheta”, que, segundo analistas dividirá a economia e a população globais em apenas duas partes: ricos e pobres.

Ao redor do ano 2025 existirão no mundo apenas ricos e pobres? É o que afirmam analistas de tendências. O desaparecimento atualmente em curso da classe média levará, até 2025, à existência de apenas duas classes sociais: a dos ricos e a dos pobres. Aumento exponencial de vendas de produtos e bens de luxo por um lado, e de produtos de “discount” (bem baratos, com desconto), do outro. Não mais existirão as “meias estações” sociais. Em resumo, o velho alerta bíblico “Pois a quem tem, mais se lhe dará, e terá em abundância; mas, ao que quase não tem, até o que tem lhe será tirado” (Mateus 13) está se realizando rapidamente.

Duvida? O número de milionários no mundo aumentará vertiginosamente até meados da próxima década, chegando a 46% do número atual, segundo informa o “Global Wealth Report” do Credit Suisse Research Institute. Segundo os últimos dados estatísticos, em quase todo o mundo a classe média sofre um paulatino e constante encolhimento. Talvez isso aconteça porque – como escreveu Napoleon Hill – “tanto a pobreza quanto a riqueza são resultado do pensamento”. Ambas são, no fundo, atitudes mentais, antes mesmo de serem situações econômicas.

Prevê-se que o segmento dos milionários aumentará 22%, passando dos 36 milhões de hoje para 44 milhões em cinco anos. O crescimento bastante diminuído da riqueza mundial previsto para os próximos cinco anos deverá produzir como resultado uma diminuição geral do padrão de vida da população mundial da classe média para baixo.

Mas existem diferenças entre as regiões. O número de milionários nas economias dos países emergentes ainda está muito abaixo dos níveis dos Estados Unidos e da Europa. Mas deverá aumentar consideravelmente ao redor do ano 2022.

A China, hoje com 2,7 milhões de milionários, poderá ver o seu número aumentar de 41%, atingindo a terceira posição na classificação internacional dos milionários, atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão, porém superando a Alemanha e o Reino Unido. A Índia poderá alcançar a cifra de 370 mil milionários ao redor de 2022, com um incremento de mais de 50% nos próximos cinco anos. Além disso, estão previstos substanciais aumentos do número de milionários na Argentina (aumento de 127%) e no Brasil (aumento de 81%). Prevê-se também que o número de milionários nas economias em fase de transição aumentará muito nos próximos cinco anos, atingindo 196 mil na Rússia, 74 mil na Polônia e 44 mil na República Checa.

Há pouco entrevistei Alfio Bardolla, importante consultor financeiro e autor de diversos livros como “O dinheiro traz felicidade” e “First Class”. Durante a entrevista, ele explicou o que é o efeito ampulheta. Reproduzo aqui uma parte da nossa conversa:

Alfio Barolla – Estamos muito habituados a ver o jardim dos vizinhos cada vez mais verde. Temos, na Itália, uma riqueza média de 87 mil euros por família. Já tivemos uma grande classe média italiana, com um welfare mais bem distribuído, e uma série de serviços quase gratuitos que na maior parte do mundo não existem. O mundo está mudando muito rapidamente. O modelo de produção do dinheiro que possuíam nossos pais ou nossos avós não mais existe. Essa velocidade da mudança está afetando a classe média que, antes, ascendia de modo mais uniforme em direção à riqueza. Neste momento, quem já podia se considerar rico está se tornando ainda mais rico; na outra ponta, é bem verdade que a maioria dos demais membros da classe média está se tornando cada vez mais pobre.

Giorgio Nadali – Uma ampulheta cada vez mais larga na parte inferior…

Exatamente. Com certeza a parte da ampulheta que mais chama a atenção é aquela de baixo.

Qual é a postura correta para se chegar à independência financeira?

Existem regras precisas. Compreender qual é a própria situação financeira, como funciona o dinheiro, como funciona o cash flow (fluxo de caixa). Não é importante o quanto se ganha, mas sim quanto dinheiro sobra no final do mês e o que você faz com essa sobra. O modelo ideal da independência financeira é dividido em dois tipos. O das entradas lineares, ou seja: dedico meu tempo a alguma atividade e ganho dinheiro com isso. E o das entradas automáticas: crio alguma coisa que continuará a gerar entradas de dinheiro. Uma clássica entrada automática é o aluguel, mas na era da internet existem hoje centenas de milhares de entradas automáticas.

Por que as pessoas se tornam ricas ou pobres? É uma questão de talento?

Não, é uma estratégia específica, uma habilidade adquirida, suor e fadiga, estudo e metodologia.

Portanto qualquer um pode se tornar rico?

Sim, com absoluta certeza. Acredito que somos todos iguais, mas a única coisa que muda é o software que existe dentro da nossa cabeça. É claro que se nasci em Milão no seio de uma família rica terei mais facilidades do que alguém que nasceu no campo, filho de uma família pobre. No entanto, quanto mais o tempo passa, mais essas diferenças diminuem porque a responsabilidade de gerir o próprio tempo e as próprios energias pertence à própria pessoa. Todos dispomos de 24 horas ao dia. Por que eu me torno rico e o outro permanece pobre? Porque eu, nas 24 horas do meu dia, faço coisas diversas em relação às 24 horas das outras pessoas. A minha capacidade de gerir o medo, o risco, a avidez, a coragem para fazer escolhas que às vezes são muito difíceis, tudo isso faz a diferença. Mas essas são capacidades que podem ser conquistadas e desenvolvidas por todos.

Depende também do caráter pessoal?

Sim, mas o caráter pode ser formado e pode mudar, crescer e aprender. Eu não tenho medo de errar e nem de partir novamente do zero.

Mas se a pessoa não tem dinheiro, como pode partir novamente do zero?

O problema não é o dinheiro. A riqueza está na cabeça, e não no dinheiro. Hoje, a primeira coisa que eu faria se tivesse pouco dinheiro seria aprender tudo que existe a respeito do mercado digital. Tudo aquilo que tem a ver com o marketing da internet digital, com a comunicação. Neste momento essas são as profissões mais bem pagas. Um programador blockchain ganha 250 mil euros ao ano, e é difícil encontrar um deles. Existem mil coisas que podem ser feitas com mil euros. A começar pelo marketing digital. Ele é rápida e facilmente acessível e me permite de aprender um ofício que me trará rendas automáticas.

Mesmo quando a pessoa tem 50 anos ou mais?

Sim, absolutamente sim. Sou dono de uma estrutura de rede de marketing digital na qual trabalham cerca de 8 mil pessoas, e entre elas existe uma grande quantidade de pessoas entre os 40 e os 60 anos. O problema é apenas um: eu, aos 50 anos, ainda tenho vontade de sujar as mãos no trabalho duro? As pessoas ricas estão dispostas a fazer coisas que os pobres e a classe média não estão dispostos a fazer.

Por que as pessoas têm medo de enriquecer e depois invejam os ricos?

Os italianos, mas isso pode ser encarado como uma regra geral para todos os povos, amam o dinheiro mas odeiam os ricos. Pelo fato de vivermos na Itália, um país cheio de contrastes culturais, a cultura comunista de um lado e a cultura cristão do outro, além de recebermos mensagens confusos como “não é justo ter mais do que já tenho”. A nossa civilização atual, sobretudo a de origem latina católica, vê a riqueza da seguinte forma: se você se tornou rico é porque cometeu falcatruas, ou roubou o fisco, ou teve muita sorte. Outros preferem uma abordagem calvinista: você enriqueceu graças à benevolência de Deus. Mas em toda a cristandade a base é sempre a mesma: Considera-se que “o dinheiro é o esterco do diabo”. Uma abordagem muito diferente daquela que existe em países como a Suíça, a Inglaterra e os Estados Unidos.