Doença autoimune. O que leva nosso sistema imunitário a voltar-se contra nós?

 

Já são mais de 100 as doenças autoimunes – como a esclerose múltipla, a psoríase, o lúpus – e sua incidência cada vez maior ganha contornos de epidemia, sobretudo nos países desenvolvidos. No Brasil, elas afetam 15 a 20% da população, a maioria mulheres.

Por: Equipe Oásis

Nos últimos 40 anos as doenças autoimunes têm aumentado, segundo pesquisas. Elas costumam ser temidas por seu grau de dificuldade no diagnóstico e tratamento. Podem afetar qualquer pessoa, porém, alguns grupos são mais propensos a sofrer com os distúrbios que atacam o organismo.

São comuns as ocasiões em que a doença está se manifestando por muito tempo e os sinais costumam ser entendidos apenas depois de 5 anos ou mais ou um diagnóstico incorreto acontece. Como os sintomas são diversos e comuns a outras doenças, é muito difícil prevenir a passagem dos sintomas para uma doença mais complicada como lúpus, vitiligo ou artrite reumatoide. A atenção e autoavaliação contam muito para que o tratamento possa ser iniciado o mais brevemente possível.

O grupo de doenças autoimunes é vasto assim como os seus sintomas. Elas podem atingir os órgãos ou os sistemas do organismo. Seu nome é uma dica do que a doença faz ao organismo: o sistema imunológico fica desorientado e ataca a si mesmo, destruindo as células e atrapalhando na homeostase. Ele entende que algo não vai bem e luta para salvar o organismo, mas acaba destruindo parte dele.

Na totalidade da estatística das doenças autoimunes as mulheres sofrem com elas 3 vezes mais que os homens. Em doenças mais específicas, como lúpus, elas são 9 vezes mais atingidas. Entre as 10 maiores causas de morte em mulheres abaixo de 65 anos estão as doenças autoimunes.

O que é doença autoimune?

Uma doença autoimune é uma condição que ocorre quando o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do corpo por engano. Existem mais de 100 tipos diferentes de doenças autoimunes. As mais conhecidas são: lúpus, vitiligo, diabetes do tipo 1, esclerose múltipla, doença de Graves, hepatite autoimune, doença de Chron, psoríase, tireoide de Hashimoto, doença celíaca, artrite reativa, anemia perniciosa, psoríase e outras. Há também fortes indícios de que o mal de Parkinson e a esclerose lateral amiotrófica (ela) também sejam doenças autoimunes.

Causas ainda não são perfeitamente conhecidas

Normalmente, os glóbulos brancos (leucócitos), produzidos na medula óssea e encontrados no sangue, ajudam a proteger o corpo contra substâncias invasoras e nocivas, conhecidas como antígenos. São exemplos vírus, bactérias, toxinas, células cancerígenas, etc. Os leucócitos são parte fundamental do sistema imunológico, cuja principal função é produzir anticorpos que mantenham o corpo humano protegido da ação desses antígenos, destruindo-os.

No caso de doenças autoimunes, o sistema imunológico não consegue distinguir os antígenos dos tecidos saudáveis do corpo e acaba atacando e destruindo as células normais do organismo.

As causas das doenças autoimunes ainda são pouco conhecidas. Atualmente a teoria mais aceita é que fatores externos estejam envolvidos na ocorrência dessa condição, principalmente quando há predisposição genética e o uso de alguns medicamentos. Embora ainda não seja totalmente claro para os cientistas o que leva o sistema imunitário a virar-se contra si próprio, sabe-se que na origem desta disfunção estão alterações genéticas, uma modulação deficiente do sistema imune e exposição a fatores ambientais como a poluição, o tabaco, as toxinas, os antibióticos, os vírus e bactérias, os hormônios ou o estresse. Tudo sugere que a alimentação desempenhe um papel muito importante para o aumento crescente do número de casos. Nota-se que o maior aumento dá-se justamente nos países mais desenvolvidos, nos quais existe uma presença muito maior de poluentes agrotóxicos, pesticidas, conservantes e de várias outras substâncias nocivas agregadas aos alimentos industrializados.

Dificuldade do diagnóstico

Os médicos enfrentam dificuldades quando recebem um paciente que sofre de uma doença autoimune, principalmente a de se chegar a um diagnóstico que permita um tratamento adequado. Isto apesar de as patologias que decorrem da autoimunidade estarem em crescimento em todo o mundo desenvolvido (provavelmente mais do que o câncer e quase tanto como as doenças cardiovasculares), um número que evoca a palavra “epidemia”.

Normalmente, o sistema imunitário protege o corpo dos microrganismos externos, produzindo anticorpos que são proteínas especiais que reconhecem e destroem os invasores. As doenças autoimunes acontecem quando estes anticorpos atacam as células do próprio organismo, tecidos e órgãos, ou seja quando o sistema imunitário se desorienta e ataca o próprio corpo e os órgãos que deveria proteger.

“Quanto mais desenvolvidos são os países, menos doenças infecciosas existem e mais doenças autoimunes se desenvolvem”, diz João Araújo Correia, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. “O crescimento dessas doenças é um fenômeno mundial dos países industrializados”, confirma esse médico.Isso tem a ver, segundo Correia, com a aprendizagem do sistema imunológico, feita (ou não) nos primeiros meses e anos de vida. Se não for feita, porque a criança não é exposta a micróbios e bactérias, o sistema imunológico não se desenvolve normalmente”, diz o especialista.

Vida e dieta saudável, o melhor remédio

Outros especialistas sugerem a existência de uma predisposição genética que leve a que a exposição a esses agentes ou fatores ambientais provoque alterações do sistema imunitário congênito e adquirido.

Alimentação natural é a melhor prevenção contra as doenças autoimunes.

Muitas destas doenças têm sintomas que se confundem e podem afetar os mais diversos órgãos, daí a já referida dificuldade diagnóstica e daí todas as especialidades médicas poderem ser envolvidas no seu acompanhamento, mas são os neurologistas clínicos e os reumatologistas os médicos que mais as têm estudado e trabalhado na área da imunologia clínica.

Tem havido também avanços importantes no tratamento, como as terapêuticas biológicas que permitem a muitos doentes uma vida relativamente normal. Alertam os especialistas que “a única forma de diminuir o risco e viver melhor com a doença é ter uma vida saudável: não fumar, comer bem – dieta mediterrânea, com pouca gordura, pouco açúcar, poucas carnes vermelhas e muitas verduras e frutas frescas – e tomar sol e fazer bastante exercício físico”.

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